Programa Latinoamerica no Ar- Missão Paz , Radio 9 de Julho Am 1600 Khz Domingo das 16 a 17 h. Miguel Angel Ahumada, Patricia Rivarola
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Defensoria Pública da União (DPU) enviou ao prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, uma recomendação para que deixe de realizar a triagem de passageiros que chegam na cidade. Para o órgão, a iniciativa do político “viola direitos fundamentais e é um controle migratório ilegal dentro do território nacional”.
No início do mês, o prefeito comunicou a implantação de um sistema de controle de chegada de pessoas à cidade. Foi instalado na rodoviária local um posto avançado da assistência social para identificar quem chegava à cidade sem trabalho ou residência.
Para a DPU, a prática do prefeito é inconstitucional, ilegal e discriminatória.
“A Constituição Federal garante a qualquer pessoa — brasileira ou migrante — o direito de circular no território nacional e que tratados internacionais, dos quais o Brasil é signatário, também garantem a liberdade de circulação”, diz a DPU.
A defensoria afirma que o controle migratório e de circulação de pessoas viola uma série de normativas internacionais e nacionais que protegem o direito de ir, vir, estar e permanecer.
Segundo a DPU, o controle migratório pode ser realizado exclusivamente pela União e municípios não podem restringir o acesso de pessoas com base em condição social, origem ou situação de rua. A atitude do prefeito, ainda segundo a DPU, pode se encaixar no artigo 146 do Código Penal como crime de constrangimento ilegal.
O órgão recomenda que a cidade de Florianópolis deixe de realizar qualquer tipo de política de controle de migração interna, triagem compulsória ou quaisquer outras medidas que impliquem restrição de acesso de pessoas.
Para Mariana Döering Zamprogna, defensora regional de Direitos Humanos de Santa Catarina, o município pode fornecer passagens apenas se solicitado pela pessoa, que deve expressar sua vontade de voltar ao local de origem.
O prefeito deverá enviar, no prazo de 10 dias, dados sobre as mais de 500 pessoas devolvidas, como identificação, origem, destino e data de chegada e de partida. Ele também deve explicar o valor total e a “origem da verba utilizada”.
Prefeito
Em um vídeo publicado em seu perfil no Instagram, Topázio Neto disse que o objetivo da medida é manter a ordem e as regras na cidade.
“O que a gente não quer é ser depósito de pessoas em situação de rua. Se uma cidade mandar para cá, nós vamos impedir, sim”.
O político alega, sem apresentar provas, que outros municípios estariam mandando desempregados para Florianópolis. Segundo Topázio, cerca de 500 pessoas já teriam retornado às cidades de origem através deste seu programa.
Morando próximo a um antigo lixão em Santiago, a venezuelanaSuhey Garcíarecomeçou a vida com sua família após migrar em 2020. Com a eleição de um novo governo no Chile, ela enfrenta o risco de deportação. “Fiz minha vida aqui”, afirma à AFP.
Cerca de 337.000 estrangeiros em situação irregular, a maioria venezuelanos, estão na mira da direita que disputa as eleições gerais deste domingo contra a centro-esquerda.
“Se me expulsarem, não poderei evitar. Mas sair por minha própria vontade, não”, diz García, de 30 anos. Apesar da falta de documentação, ela vive em relativa tranquilidade.
Ela reside no assentamento Nuevo Amanecer, a oeste de Santiago, onde cerca de 2.000 famílias vivem próximas ao que foi um lixão.
A maioria são haitianos, peruanos, venezuelanos e colombianos, muitos em situação irregular. Construíram moradias simples lado a lado, têm acesso a água potável, mas sem esgoto. A energia é obtida de forma clandestina, e as crianças brincam nas ruas de chão batido.
A campanha eleitoral chilena está marcada pelo temor crescente contra a insegurança que muitos associam aos migrantes irregulares.
Embora a taxa de homicídios tenha subido na última década, está ainda abaixo da média regional, conforme dados recentes da ONU.
A população migrante no Chile duplicou nos últimos sete anos e atingiu 8,8% do total em 2024, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas.
Medo palpável
A esquerda, representada por Jeannette Jara, e a extrema direita, por José Antonio Kast, lideram as intenções de voto, devendo disputar um segundo turno em dezembro.
Outros candidatos de direita também disputam, com propostas que atacam a migração irregular e a criminalidade.
Para o setor mais conservador, os migrantes em situação irregular seriam indesejados no país.
Suhey García questiona essa visão: “Se me mandarem de volta para a Venezuela, onde não tenho moradia, será injusto, pois meus filhos têm uma vida estabilizada aqui no Chile”.
Ela entrou ilegalmente no país pela fronteira com a Bolívia junto ao esposo e três filhos, hoje com 13, 12 e 8 anos.
Uma vida quase normal
Migrantes irregulares levam uma rotina relativamente normal no Chile, apesar das restrições recentes para se regularizarem. Eles têm acesso à saúde e podem registrar seus filhos na escola pública.
Trabalham no comércio informal, segurança, entregas ou na agricultura.
Esses direitos correm risco caso Kast venha a governar, já que sua plataforma inclui deter e expulsar migrantes ilegais, além da construção de um muro na fronteira.
García repudia essas medidas: “Somos todos humanos, e não viemos para cometer crimes. Por que somos vistos como criminosos?”
A colombiana Nancy Guevara vive em situação irregular desde 2024 após entrar como turista, e mora com um haitiano também irregular no mesmo assentamento. Juntos, trabalham informalmente.
Ela demanda uma chance para regularização: “É preciso dar documentos para evitar a situação de irregularidade”.
O temor à extrema direita também alcança migrantes legais, como o peruano Wilmer Carvajal, que vive há 13 anos no Chile e teme despejos forçados e expulsões, que deixariam famílias inteiras desabrigadas.
Essas preocupações expressam a incerteza e o receio de milhares de migrantes que construíram suas vidas no Chile e enfrentam um futuro incerto diante da política migratória e do clima eleitoral atual.
Fotos de Paraisópolis e Morumbi revelam ainda a desigualdade ambiental entre as regiões
Vista de cima, Paraisópolis, a maior favela da maior cidade do Brasil, é um círculo cinza rodeado por verde. Ao redor do aglomerado de casas precárias, ficam as residências espaçosas e os prédios de luxo do bairro do Morumbi, um dos mais ricos deSão Paulo– e, não por acaso, também um dosmais arborizados.
A justaposição da favela pobre e do bairro rico já se tornou um lugar comum no Brasil. Fotos dessas realidades contrastantes são comuns nos livros didáticos do país, onde servem como ilustração da disparidade econômica. Entretanto, há um aspecto menos evidente da desigualdade vista na imagem: além de pobre, Paraisópolis é cinza. Além de rico, o Morumbi é verde.
Isso é importante porque viver em locais arborizados está associado a uma série de benefícios. A presença de vegetação reduz a sensação térmica em dias de calor extremo , e quem vive cercado por verde costuma ter melhor saúde mental e fazer mais atividades físicas, por exemplo.
Nas megacidades da América Latina, porém, a arborização acompanha divisões de classe e renda, de acordo com especialistas em urbanismo e ecologia das seis maiores cidades da região.
Pesquisadores de São Paulo (Brasil), Cidade do México (México ), Lima (Peru ), Bogotá (Colômbia ), Buenos Aires (Argentina ) e Santiago (Chile ) relatam que o crescimento urbano desordenado, a ausência de políticas públicas e a escassez de recursos fazem com que bairros pobres não tenham uma quantidade adequada de parques, espaços verdes e árvores nas vias. Tudo isso é visível de cima, usando imagens de satélite – e através delas podemos identificar onde estão os bolsões de verde e de cinza em cada cidade.
Menos árvores, mais calor
La Molina e San Isidro são dois dos bairros mais verdes de Lima, a capital do Peru. Ambos ficam em regiões ricas e, apesar do clima árido da cidade, praticamente dobraram sua cobertura verde desde os anos 1980, de acordo com um estudo recente que mensurou a densidade de vegetação em diferentes localidades usando imagens de satélite.
Em bairros periféricos, como Carabayllo e San Martín de Porres, aconteceu o oposto: o verde diminuiu ao longo das décadas, conforme a cidade se expandia de forma desordenada e a vegetação natural dessas áreas foi sendo substituída por uma urbanização densa e, muitas vezes, precária.
Para o estudo, os pesquisadores também compararam as temperaturas de bairros com diferentes graus de arborização e confirmaram que, em Lima, os bairros mais verdes são significativamente mais frescos que os demais. As áreas ricas, portanto, ficam menos expostas ao calor extremo .
"Há bairros onde os moradores têm telhados de zinco. Como não há áreas verdes suficientes, a temperatura, somada à presença desse tipo de material, aumenta. Isso gera estresse térmico. Não é o mesmo que morar em um bairro com mais arborizado e com materiais de construção mais adequados", diz Dámaso Huaroto, professor de engenharia ambiental na Universidade Científica do Sul (UCSUR, na sigla em espanhol) e um dos autores do estudo.
A realidade que Huaroto descreve – um desenvolvimento urbano precário que prejudica os mais pobres – não é uma exclusividade de Lima. É, na verdade, algo comum nas metrópoles da América Latina.
Durante décadas, a migração em massa fez com que estas cidades crescessem sem planejamento, gerando zonas residenciais extensas e densamente povoadas nas periferias.
"Nos bairros marginalizados, quase todos os espaços são necessários para habitação. E quando as cidades crescem muito, as moradias começam a ficar cada vez mais distantes, o que exige deslocamento. Mesmo os espaços que não são utilizados para moradia passam a ser utilizados para transporte", explica Francisco de la Barrera, pesquisador do Centro de Desenvolvimento Urbano Sustentável (Cedeus, na sigla em espanhol), um centro de pesquisa em urbanismo sediado em Santiago, capital do Chile.
Acesso a espaços verdes é marcado por divisão social
Um estudo conduzido por Barrera e outros seis pesquisadores mapeou áreas verdes em diversas regiões do Chile. Os pesquisadores também calcularam quantas pessoas moravam a uma distância a ser percorrida a pé para chegar até elas.
Em Santiago, a região com mais verde acessível fica ao redor do Cerro San Cristóbal, o maior parque da cidade – um local que concentra uma população de renda mais alta.
Em regiões mais pobres, a acessibilidade diminui. É o caso, por exemplo, de algumas áreas da Comuna de San Ramón.
Pesquisadores da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) detectaram uma realidade parecida na Cidade do México. Lá, existe uma correlação negativa entre o nível de marginalidade de uma região e a quantidade de áreas verdes de que ela dispõe. Na prática, isso significa que, quanto mais vulnerável socialmente é um local, menos parques e praças estão disponíveis para seus moradores.
A razão, assim como no Chile, envolve uma grande demanda por habitação. "A especulação imobiliária nessas zonas levou as construtoras a maximizar os lucros, se aproveitando da necessidade das pessoas de ter um lugar para viver. Elas se aproveitam de qualquer metro quadrado disponível", diz Luís Zambrano, ecologista da UNAM.
O pesquisador, porém, também destaca uma aparente contradição: fugindo da regra, algumas das áreas residenciais pobres estão muito perto de áreas de vegetação preservada, o que resulta em uma cobertura verde acima da média – um fenômeno contraintuitivo que também acontece em outras cidades.
Quando há verde na periferia
Embora riqueza e cobertura verde estejam correlacionados, nem sempre os bairros pobres e periféricos são densos e cinzas. Em alguns casos, eles chegam a ser os locais mais verdes da cidade, em números absolutos.
De volta à São Paulo, por exemplo, a região periférica de Cidade Tiradentes, no extremo leste, tem uma cobertura vegetal maior que a de áreas ricas no centro. O mesmo ocorre em outros bairros nos extremos da cidade, como em Parelheiros, na Zona Sul. Ali, a vegetação é abundante, mas fica em locais de difícil acesso, como no topo de morros.
De acordo com Luiza Fernanda Tamas, gestora ambiental formada pela Universidade de São Paulo (USP) e moradora da cidade, viver perto desse tipo de vegetação não garante acesso aos benefícios que essas regiões oferecem.
"Eu sou do extremo norte de São Paulo, do bairro do Morro Doce, onde fica o Parque Anhanguera, o pico de Jaraguá, onde há remanescentes de Mata Atlântica", conta Tamas, mencionando alguns dos maiores espaços verdes do município. "Mas no bairro em si há muita aridez e solo impermeabilizado. Na rua, onde a população anda, não há árvores."
Uma realidade semelhante ocorre em Bogotá, capital da Colômbia. O bairro de Usme, no extremo sul, concentra a maior quantidade de cobertura verde por habitante, de acordo com uma pesquisa conduzida por Jéssika Zambrano, engenheira topográfica colombiana que hoje faz doutorado na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O extremo sul da capital colombiana, assim como o extremo norte de São Paulo, é cercado por reservas naturais e morros, mas suas zonas residenciais são densas e pouco arborizadas, com crescimento populacional rápido e desordenado.
"Apesar de Usme ter essa vista do parque, das florestas e das montanhas, a pobreza continua sendo a característica fundamental do bairro", ressalta Jéssika Zambrano. "A localização dessas árvores não é nas vias, mas nos arredores, e as pessoas não têm acesso – só olham de longe".
Os desafios da densidade
À primeira vista, a capital da Argentina, parece uma exceção. Um estudo realizado pela fundação sem fins lucrativos Bunge & Born mapeou as áreas verdes em todo o país, e a grande Buenos Aires é uma das poucas onde os mais ricos e os mais pobres vivem, em média, igualmente próximos de uma área verde.
No entanto, de acordo com Antonio Vazquez Brust, um dos autores do estudo, isso acontece porque há poucos parques na cidade e mesmo as áreas mais ricas são densamente povoadas – com a exceção dos condomínios fechados, que têm muitos espaços verdes que não são acessíveis ao público.
Uma saída, de acordo com um estudo de caso publicado pela mesma organização, seria converter locais como estacionamentos e depósitos em praças verdes, especialmente nas áreas mais centrais.
Outras sugestões mencionadas pelos pesquisadores entrevistados incluem priorizar espécies nativas em espaços públicos, a fim de reduzir os custos de manutenção, e, fundamentalmente, incluir as populações marginalizadas no debate sobre onde e como novas infraestruturas verdes devem ser desenvolvidas.
"As cidades são tão maleáveis quanto a natureza. Se precisarmos demolir um prédio para fazer um parque, isso pode ser feito", diz Luís Zambrano, pesquisador da UNAM. "Parte do problema é que acreditamos que a batalha já está perdida, mas o asfalto pode ser removido. Custa muito tempo e dinheiro, mas é muito melhor do que continuar vivendo como vivemos agora. "
Mais detalhes sobre a metodologia por trás dos gráficos dessa reportagem estão disponíveis aqui .
A mudança climática afeta migrantes e refugiados
principalmente aumentando as deslocações causadas devido a desastres naturais,
condições ambientais cada vez mais hostis e a escassez de recursos essenciais
como água e água. Eventos climáticos extremos, como enchentes, secas,
tempestades e o aumento do nível do mar, impulsionam a migração e dificultam a
vida das pessoas que já vivem em situação vulnerável, muitas vezes em áreas com
poucos recursos para adaptação.
Impactos da mudança climática em migrantes e refugiados
Mais de 120 milhões de deslocamentos forçados foram
registrados em 2025 em consequência de desastres climáticos, excedendo em três
vezes os deslocamentos por conflitos e violência. Isso demonstra que os
desastres ambientais são um motor crescente de migração forçada.
Os refugiados vivem frequentemente em situações de
vulnerabilidade a impactos climáticos, como inundações e tempestades, e carecem
de recursos para se adaptarem a essas condições, aumentando sua precariedade e
risco.
A emergência climática cria uma profunda injustiça, já que
muitas das populações afetadas são as que menos são desenvolvidas para as
emissões de carbono e recursos que poderiam mitigar esses efeitos são
insuficientes, deixando essas pessoas em um "beco sem saída".
Causas principais do deslocamento relacionado ao clima
Escassez de água e alimentos, diminuição da produtividade
agrícola, aumento dos níveis do mar e eventos climáticos extremos como ondas de
calor, tempestades e secas.
Exemplo: A região da África Subsaariana e a América Latina
já apresentam altos números de migrantes climáticos e são projetadas para ter
ainda mais até 2050.
Consequências sociais e humanitárias
O aumento do deslocamento climático exacerba a tensão
social, a pobreza, a insegurança alimentar e pode induzir conflitos armados em
áreas afetadas.
Campos de refugiados são particularmente afetados, com
previsão de maior frequência de dias de calor e condições climáticas mais
severas até 2050, o que dificulta ainda mais a sobrevivência desses grupos.
Portanto, as mudanças climáticas se intensificam e
multiplicam os fatores que forçam as pessoas a abandonarem suas casas, criando
desafios adicionais para a proteção e apoio a migrantes e refugiados.
Essas informações são fundamentadas em relatórios e
análises recentes da ONU, ACNUR e outras organizações internacionais que
monitoram deslocamentos causados devido ao clima
A secretária de Desenvolvimento Social de São José do Rio Preto, Sandra Reis, liderou na tarde desta terça-feira, 11 de novembro, uma visita técnica ao prédio do antigo Albergue Noturno. O espaço passará por reestruturação e será reinaugurado como casa de passagem para imigrantes e trecheiros ( pessoas em trânsito pela cidade), com foco no acolhimento e na inclusão social.
De acordo com Sandra Reis, a visita teve como objetivo “desconfigurar o ambiente do antigo albergue” e adequar o local a um novo modelo de atendimento. A nova casa, cujo nome deverá ser definido ainda nesta semana, contará com 50 vagas, divididas entre pernoites e acolhimento temporário, voltadas a pessoas que permanecem por períodos curtos na cidade.
O projeto prevê ações voltadas à regularização documental, orientação profissional e inserção no mercado de trabalho, além de oficinas culturais e aulas de português voltadas à adaptação de imigrantes e famílias estrangeiras. “Queremos garantir que essas pessoas não percam sua dignidade nem precisem viver nas ruas”, explicou a secretária.
A mudança ocorre após a destituição da antiga diretoria do Albergue Noturno e a eleição de uma nova gestão, que procurou a Secretaria de Desenvolvimento Social para retomar a vocação original do espaço. “Na sua origem, o albergue foi criado justamente para acolher migrantes e pessoas de passagem. Essa nova fase resgata esse propósito e se alinha ao projeto que a Secretaria já vinha estruturando para o acolhimento e apoio profissional a imigrantes”, destacou Sandra Reis.
A reabertura da Casa do Migrante deve ocorrer nas próximas semanas, consolidando uma rede de acolhimento mais humanizada e integrada às políticas municipais de assistência social.
Comunidades locais plantam sementes nativas no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, Brasil, para ajudar na restauração do ecossistema e fortalecer a resiliência do clima. Foto: OIM/Juliana Hack
Enquanto líderes mundiais se reúnem no coração da Amazônia para a 30ª Conferência das Nações Unidas para Mudança do Clima (COP30), a Agência da ONU para as Migrações (OIM) chama atenção para os milhões de pessoas que já estão enfrentando diariamente as consequências de enchentes, secas e desastres.
A mensagem da OIM em Belém é simples: quando as casas e meios de subsistência das pessoas estão ameaçados, elas merecem a chance de permanecer em segurança, de se recuperar e de planejar o futuro.
“Toda comunidade merece a chance de se adaptar e construir um futuro mais seguro, mas, para muitas, os impactos já são graves demais”, disse a vice-diretora geral de Operações da OIM, Ugochi Daniels, que representará a organização no Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês). “Quando se torna impossível permanecer, as pessoas devem poder se deslocar com segurança e dignidade. É para isso que trabalhamos – por soluções práticas que protejam vidas e fortaleçam comunidades”.
Apenas em 2024, desastres causaram 45 milhões de deslocamentos internos e perdas superiores a US$ 240 bilhões de dólares. Por trás desses números estão agricultores que tiveram suas casas destruídas por enchentes e crianças cujas escolas deixaram de existir. A OIM apoia governos e parceiros locais na recuperação e reconstrução de comunidades, ajudando-as para a próxima tempestade.
Sediada pelo Governo do Brasil, a COP30 é a primeira conferência do clima realizada na Amazônia, destacando o protagonismo dos povos indígenas, comunidades locais e outros grupos mais afetados pela mudança do clima. Diante de enchentes, secas, incêndios florestais e ondas de calor extremo que já forçaram milhões a deixarem suas casas todos os anos, a OIM reforça que as decisões tomadas em Belém devem proteger os direitos das pessoas e fortalecer suas capacidades para adaptação e recuperação.
Entre os resultados esperados da COP30 está a adoção do Objetivo Global de Adaptação, que estabelecerá metas concretas para proteger comunidades com sistemas de alertas precoce, meios de vida mais resilientes e moradias mais seguras – medidas cruciais para reduzir os deslocamentos relacionados com a mudança do clima. Esses objetivos estão alinhados com o trabalho da OIM. Somente em 2024, a OIM ajudou mais de 875 mil pessoas a se recuperarem de desastres e apoiou mais de 100 mil comunidades afetadas por choques do clima e degradação ambiental, contribuindo para que estejam mais preparadas para enfrentar desafios futuros.
O Programa de Trabalho sobre Transição Justa (JTWP, na sigla em inglês) tem como objetivo garantir que, à medida que os países migram para fontes de energia mais limpas, trabalhadores e comunidades recebam apoio por meio de empregos decentes, proteção social e caminhos seguros para a migração. O novo Fundo para Reposta a Perdas e Danos irá direcionar recursos a comunidades vulneráveis para que elas possam reconstruir suas vidas com dignidade.
À medida que as decisões tomadas em Belém moldarão os modos de vida nos próximos anos, a atuação da OIM na COP30 é guiada por um único objetivo: garantir que as pessoas na linha de frente da mudança do clima não sejam deixadas para trás.
O evento Ação Global pelo Direito de Migrar: Migração como um Bem Socialocorre na terça-feira, 11 de novembro, às 14h, na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). O evento é promovido pelo Núcleo de Antropologia Audiovisual e Estudos da Imagem da Universidade Federal de Santa Catarina (Navi/UFSC), pelo Observatório das Migrações e pelo Programa de Pós-Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental (PPGLAN/Udesc). A atividade conta com o apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Estudos do Futebol Brasileiro (INCT Futebol).
A Ação contará com uma roda de conversa entre pesquisadores e público, com o objetivo de engajar os participantes no tema. A iniciativa faz parte de uma rede de eventos sobre migrações que estão sendo organizados pelo mundo. A mobilização internacional está sendo coordenada pela Rede Global de Solidariedade e Resistência de Estudiosas(os/es) da Migração.
Segundo Gláucia de Oliveira Assis, uma das organizadoras da atividade, “o evento ocorrerá num contexto em que tem se observado a tendência ao fechamento de fronteiras e à ampliação das políticas que criminalizam e estigmatizam as pessoas migrantes e em situação de refúgio”. Ela destaca que o problema se estende também aos acadêmicos da área: “Pesquisadoras e pesquisadores da migração também enfrentam ameaças. Suas vozes estão sendo silenciadas. Estudantes e trabalhadoras(es) migrantes são alvo de prisão e deportação, vivenciando crescente hostilidade, vigilância, racismo e violência.”
Entre os temas abordados serão:
Emigração brasileira para os Estados Unidos e a ameaça aos imigrantes brasileiros naquele país – Glaucia de Oliveira Assis (Univale)
Emigrantes paraguaios na fronteira com o Brasil – Lina Paula Machado Magalhães (Udesc)
Imigrantes africanos em Santa Catarina – Michelle Stakonski Cechinel (Udesc)
Convivência de imigrantes de diferentes nacionalidades em Amsterdã – Carla Rocha (UFSC)
Imigrantes considerados “bons”: o caso dos futebolistas –Caroline de Almeida (UFPE)
Imigrações que não são vistas como tal, como as de celebridades e pessoas ricas – Carmen Rial (UFSC)
Também serão abordadas as ameaças à Venezuela realizadas pelo governo estadunidense, que poderão implicar em um aumento na já forte corrente migratória daquele país. Entre as pesquisas apresentadas, está a da Caroline de Almeida, coordenadora da linha “Futebol de mulheres, de indígenas, paralímpico e LGBTQIA+”, do INCT Futebol. “Minha fala abordará a categoria dos ‘bons imigrantes’ a partir do caso de futebolistas homens e mulheres, cuja circulação internacional é vista como parte constitutiva de suas carreiras”, conta a pesquisadora. Esta e as demais falas no evento poderão ser acompanhadas online através do canal do YouTube do INCT Futebol.
Quando:
11 de novembro de 2025@14:00 – 17:00
Onde:
Sala 316, Centro de Ciências Humanas e da Educação (Faed) Udesc -